O perfil do aluno PAG-Química
O aluno interessado (geralmente com baixo número de acertos na prova de
química do vestibular e/ou com dificuldade de acompanhamento da sua
disciplina de química curricular) manifesta interesse através do
preenchimento de um formulário. Através dele, tem-se um perfil do aluno
que está procurando por auxílio, além de uma classificação de acordo com
o seu curso. Quando da primeira edição apenas 49 alunos se inscreveram,
mas esse número aumentou consideravelmente, até atingir um valor
relativamente constante. (Figura 3). Note-se que no primeiro semestre de
2013 houve uma procura maior do que a usual, e no segundo semestre do
mesmo ano o programa não foi oferecido, pois sua formatação estava sendo
rediscutida.
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Figura 3.- Número de alunos inscritos no PAG-Química por semestre.
No primeiro semestre de 2012, cujos resultados publicamos nesse
manuscrito, trabalhou-se com três grupos: o Grupo 1 (constituído por 65
alunos), destinado aos alunos dos cursos de Química, Engenharia Química,
Engenharia de Materiais e Biomedicina, que cursavam a mesma disciplina
de Química Geral; o Grupo 2 (48 alunos), destinado aos alunos de
Farmácia, Engenharia de Alimentos e Biotecnologia, que cursavam uma
disciplina mais densa e de maior carga horária, abordando todos os
conteúdos do Grupo 1 e fundamentos de Química Inorgânica; e o Grupo 3
(63 alunos, sendo que a maioria em situação de abandono ainda no
primeiro mês), destinado aos alunos dos demais cursos, que possuem em
seus currículos disciplinas de Química Fundamental mais básicas. A
partir do segundo semestre de 2012, com as reformas curriculares
aprovadas, os alunos que frequentavam o Grupo 2 foram reunidos ao Grupo
1, o que possibilitou o atendimento mais personalizado às disciplinas de
Química Fundamental, mas também obrigou à duplicação do oferecimento das
atividades do Grupo 1. Uma vez inscritos e distribuídos nos grupos, os
alunos são cadastrados na Plataforma Moodle, em uma área criada
especialmente para o PAG-Química. Nela, os alunos encontram toda a
informação necessária: listas de exercícios, softwares, vídeos,
demonstrações, etc. Também ali ficam disponibilizados, apenas para a
equipe instrutora, arquivos contendo as aulas, os exercícios resolvidos
e outras informações. As aulas ocorrem aos sábados, sendo que às
segundas-feiras a página é atualizada: a resolução dos exercícios do
sábado anterior é disponibilizada, assim como todo o material a ser
utilizado na semana que inicia. No formulário de inscrição, criado
através do serviço de formulários do site Google Docs
(http://docs.google.com/), são feitas algumas perguntas que
permitem traçar o perfil dos alunos que procuram o programa.
No primeiro semestre de 2012, a maioria (36) dos alunos que procuraram o
programa eram alunos de Farmácia, seguidos pelos alunos dos diversos
cursos de Química (33). É de ressaltar a baixa procura por parte dos
alunos de Engenharia Química (3), um curso com maior dificuldade de
ingresso via vestibular e, portanto, mais seletivo conforme visualizado
na Figura 4.
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Figura 4.- Demanda pelo PAG-Química por curso em 2012/1.
Para nossa surpresa, houve um predomínio de solicitação de participação
por parte dos alunos que se declaravam ingressantes através do processo
universal (64%), onde não há reserva de vagas por origem (escola
pública ou privada, ou etnia). Este número é bastante semelhante ao
percentual de alunos que ingressaram por este sistema (70%). Houve um
equilíbrio entre os alunos que eram calouros (51%) e os não calouros.
Como as disciplinas de Química Geral são ministradas na sua grande
maioria no primeiro semestre de cada curso, isso indica que os alunos
que se inscreveram no PAG-Química já apresentavam algum retardo no seu
posicionamento no curso. A grande maioria teve um número de acertos na
prova de Química do seu vestibular bastante acima da média (que oscila
em torno de 9, sobre 25 questões), mas mesmo assim se declarava com
dificuldades de acompanhar a sua disciplina (Figura 5).
Dos alunos não calouros (86), a maioria havia repetido a disciplina de
Química Geral de seu curso apenas uma vez, mas havia alunos com até 5
repetições, além de alunos que, mesmo não sendo calouros, estavam
cursando a disciplina pela primeira vez, seja pelo posicionamento da
disciplina de Química Geral na grade curricular de seu curso, seja por
algum impedimento quando do seu ingresso na universidade.
[CHART]
Figura 5.- Número de acertos na prova de Química do vestibular por parte
dos alunos que procuraram o PAG-Química em 2012/1.
Traçou-se também um perfil das reprovações por parte desses alunos ao
longo do tempo. Na UFRGS as reprovações se dão por conceito D
(insuficiência de aproveitamento) ou FF (insuficiência de frequência
mínima de 75%). Observa-se que a maioria dos alunos se enquadrava no
primeiro caso, ou seja, alunos com necessidade de acompanhamento para
progredir no seu curso. Também se observa que a maioria dos alunos
reprovou nos dois semestres anteriores, possibilitando que uma ação
localizada sobre eles forneça o impulso necessário para que prossigam
nos seus cursos.
[CHART]Figura 6.- Tipo de reprovação por aluno por semestre.
Os dados acima descritos podem ser comparados com os obtidos em um
estudo produzido na FURG (Universidade Federal do Rio Grande) em 2011
por Schirmer, onde foi realizada pelo núcleo de desenvolvimento
estudantil uma pesquisa sobre o desempenho acadêmico. Como
população-alvo da pesquisa foram considerados 262 alunos que eram
assistidos pelo NAE (Núcleo de Assistência Estudantil). Nesta pesquisa
foram quantificados os níveis de reprovação. Foi constatado que 35% dos
estudantes tinham 4 ou mais reprovações por falta de aproveitamento,
23% 3 reprovações, 15% 2 reprovações, 11% 1 reprovação e 16% não
apresentavam reprovação. Os principais motivos citados como causadores
de reprovação foram a dificuldade de aprendizagem, a metodologia de
ensino docente, a falta de fundamentação teórica e o desinteresse pela
disciplina.