Em 24 de fevereiro de 2022, poucas horas após a Rússia dar início à invasão e aos ataques a Ucrânia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, instituiu lei marcial em todo o território do país. Uma lei que é implementada em cenários de conflito e que substitui leis e autoridades civis por militares.
Entre as medidas impostas pela lei, destaca-se a proibição de homens ucranianos e naturalizados, entre 18 e 60 anos, de saírem do país. Tal medida encontrava-se em consonância com a necessidade de se garantir fileiras de soldados do lado da Ucrânia, considerando a perspectiva de que os ataques do exército russo se concentrariam em áreas e alvos militares.
No entanto, em quase dois meses de guerra e avanço de investidas russas em território ucraniano, o que se observa é que os ataques não se restringiram e não se restringem aos alvos militares e à área de Donbas. Nem tiveram como alvos exclusivamente os soldados, mas os envolveram também a população civil, levando à morte crianças, mulheres e idosos.
As ofensivas indiscriminadas a populações de diversos grupos etários, aliadas às fugas em massa de pessoas do país, sem dúvida, causarão impactos na dinâmica demográfica do país, da mesma forma que em contextos de guerra anteriores, como a Guerra da Síria, a Guerra dos Balcãs, a própria Segunda Guerra Mundial, ocasionaram para as populações dos territórios envolvidos.
Quais os cenários possíveis para a dinâmica demográfica da Ucrânia num contexto pós-guerra Rússia-Ucrânia? Para começar a responder a essa pergunta, precisamos partir da consideração das características demográficas mais recentes do país. Nesse sentido, na Figura 1 podemos observar a estrutura etária da população da Ucrânia, em 2009 e 2021.